A sucessão em Ilhéus

Ilhéus e as urnas em 2016
Arquivo/Google

A menos de dois anos da eleição, o prefeito de Ilhéus monta uma forte estratégia para conquistar a chance de governar a cidade por mais quatro. Se em alguns momentos da sua gestão falta planejamento, na maior parte do tempo sobra organização para a sua reeleição.

Sim, Jabes Ribeiro é candidato, mesmo evitando se posicionar claramente a respeito desta sua vontade. Só a justiça poderá fazê-lo abrir mão desta idéia.

Apesar da impopularidade vista nas ruas, vai apostar em um governo eleito para quatro anos, mas que, ao seu final, vai ter trabalhado, de fato, em apenas um: o último. Vem com o discurso de que, com a casa organizada, será possível fazer muito mais. E tome mais “amor por Ilhéus”.

Para isso, obras que já deveriam estar concluídas, inauguradas e funcionando vão ser levadas à “banho maria” até junho, quando, num golpe de mestre, aproveitará o Dia da Cidade para dar musculatura à realizações administrativas e mostrar que está vivo e que a cidade terá, de fato, um período de pujança.

Assim será, por exemplo, com o Teatro Municipal e com o General Osório, obras emblemáticas, motivo até de abraços simbólicos da última campanha.

Não se iluda. Tudo acontecerá de bom, após ele mesmo ter plantado, por mais de dois anos, um discurso estrategicamente pensado de crise profunda, de caminho sem saída, resolvível apenas aos olhos e mãos de um homem experiente como ele.

Outra prova clara de sua intenção, é a tentativa de levar para o seu partido, o atual vice, Carlos Machado. É fácil entender: de todos os pré-candidatos postos, Cacá seria o único a dificultar a reeleição jabista, já que transita bem em um mesmo perfil de eleitor que interessa a Jabes. Como aliado, Jabes anula a possibilidade de vê-lo adversário. Ademais, este é, de fato, o primeiro casamento de vice de Jabes em que os parceiros se completam. Nem com Henrique Abobreira foi assim.

Nos demais setores, quanto mais candidatos, melhor. Pulveriza, divide o processo e só soma para o próprio Jabes que hoje, por exemplo, governa, por conta da vontade de apenas 30 por cento dos eleitores de Ilhéus, que lhe garantiram o quinto mandato em 2012.

De fato, hoje, a eleição de 2016 nos parece polarizada. Repetimos: hoje. De um lado Jabes, de outro a candidatura do PT, favorável à professora Carmelita Ângela. Jabes será candidato se quiser. Carmelita precisa mais que isso. Um resolução do PT, determina que a candidatura local só será preservada e apoiada, caso seja da vontade e do interesse da executiva estadual.

Os petistas apostam na boa vontade de dois nomes fortes nesta executiva: o atual presidente estadual, Everaldo Anunciação, e o secretário estadual, Josias Gomes. Carmelita aposta na gestão técnica do atual governador Rui Costa e as obras de grande impacto que ele pretende executar na cidade e que estão paradas não se sabe por que. E assim, conquistar a classe média de Ilhéus, seu principal problema nas urnas.

Jabes aposta na aliança com o governador Rui Costa, mais para estancar essa candidatura do que propriamente apostar em suas realizações.

O PSOL, ao que parece, diminuiu o entusiasmo com Jorge Luiz, que na eleição municipal passada foi o fiel da balança, mas que, agora, em 2014, teve uma votação pífia para deputado.

Partidos mais conservadores, como DEM, serão mantidos fora do protagonismo que se desenha para o roteiro de 2016.

O PDT ensaia a inserção de nomes com certo peso eleitoral, a exemplo de Rui Carvalho e Alisson Mendonça.

A deputada Ângela, dificilmente deixará de atender aos apelos de Ondina.

E Bebeto Galvão, agora deputado federal, terá um papel importante no processo. Mas há quem já fale que, com o PSB no governo estadual, essa sua liberdade tenha um certo limite. E o apoio, um certo endereço.

No mais, em pleno início de 2015, 2016 bate à porta.

Quase não se fala publicamente em sucessão municipal. Mas ela já fervilha nos bastidores da política local. Jabes acha que ganha. Carmelita acha que se supera. Jorge Luiz acredita que pode voltar a ser o diferencial. Rui e Alisson ainda sonham em ser prefeitos. A irmã Angela, negocia politicamente com o governo. Bebeto quer consolidar sua liderança.

Basta, agora, cada um deles combinar com o eleitor e saber quem irá se sair melhor nas urnas.